Apresentação - Caixa-Clara e Principais Teclados de Percussão

 

Apresentação

Vamos conhecer os instrumentos que nos acompanharão durante nosso aprendizado.

No fim da página você confere vídeo e material para download sobre a história da percussão.


Para o aprendizado dos instrumentos de percussão, devemos buscar sempre a técnica apropriada para tocar. Cada instrumento, sejam tambores ou teclados, tem sua especificidade, e isso é o que caracteriza o maravilhoso mundo da percussão.

Instrumentos de percussão devem ser tocados, nunca espancados!

Esse detalhe colaborará para a melhor sonoridade e também para maior durabilidade dos instrumentos e baquetas.



Caixa-Clara

 

"Dois motivos levam a Caixa-Clara a ter esse nome: o fato de ser uma caixa de ressonância e haver arames espiralados em contato com a pele inferior, a esteira, os quais parecem fazer dobrar a frequência de vibrações da mebrana, dando a impressão de que o tambor soa uma oitava acima. Em consequência disso, seu som é claro, evidente."

MOREIRA, Uirá. A história da bateria - Da idade da pedra ao século XXI. Produção Independente.


"A caixa clara, ponto inicial do nosso estudo, é por tradição o principal representante da família dos instrumentos de percussão. Ela tem sua origem nos tambores dos povos asiáticos primitivos. Sua importância histórica está ligada à música militar e somente no século 18 começou a aparecer nas orquestras sinfônicas.

Consiste em um cilindro de metal ou madeira fechado nas extremidades por 2 membranas denominadas 'pele de toque (ou batedeira)' e 'pele de resposta'. Atualmente as membranas sintéticas substituem com vantagem as peles naturais, cuja afinação se altera com a menor variação climática. Estas membranas ou peles são sustentadas por 2 aros metálicos e a tensão (afinação) é regulada por meio de parafusos distribuídos regularmente pelo aro. Seu timbre característico resulta da presença de uma esteira de metal (ou cordas), distendida sobre a pele de resposta, cuja tensão será também regulada por um dispositivo próprio.

O instrumento será sustentado por uma estante de altura regulável e salvo indicação específica, sua execução será feita com baquetas de madeira (Lição 1), denominadas 'baquetas de caixa'."

ROSAURO, Ney. Método Completo para Caixa Clara. Brasília: Ed. Pro Percussão Brasil, 1982.

 

Praticável

O praticável é uma opção mais silenciosa para a prática diária. Pode ser utilizado um modelo industrializado com pele similar a da caixa, que pode vir com um encaixe para fixação em estantes de prato suspenso. Podemos utilizar um tamborim com algum abafamento interno, ou ainda uma prancha de madeira com borracha colada em um dos lados (pad ou borracha de estudo). Cuidado na escolha do material da borracha para que não seja nem macia demais, nem dura demais.

 

Confira o resumo no vídeo!

 

 

 

 

Teclados de Percussão

 

Os teclados de percussão são instrumentos que emitem som pela vibração de suas barras, e por isso, são classificados como Idiofones. Ou seja, instrumentos que emitem som pela vibração do próprio corpo. Caracterizam-se por emitirem sons com altura definida, e podem também ser chamados de barrafônicos ou barrafones. São eles: o xilofone, a marimba, o vibrafone, o glockenspiel (bells), a lira e os metalofones, e muitas vezes são referidos apenas como “teclados”. Uns originalmente com teclas de madeira (marimba e xilofone), outros com teclas de metal (lira, bells, vibrafone, entre outros). São percutidos com baquetas específicas que podem ter cabo de madeira, rattan (espécie de bambu) ou material plástico; e esferas nas pontas variando desde muito duras com esferas de madeira ou material plástico, ou outros tipos de material cobertos por fios de lã ou nylon.

 

Xilofone

 

O xilofone (do grego: Xylo, madeira. Fono, voz), é um instrumento com barras de madeira (ou material sintético) de diferentes tamanhos, dispostas de maneira semelhante ao teclado de um piano. É percutido com baquetas próprias com uma esfera na ponta confeccionada com diferentes materiais, tais como: madeira, borracha e materiais sintéticos. A escolha do tipo de baqueta influi diretamente na qualidade e no timbre do som do instrumento. Pode ser tocado com duas, três ou quatro baquetas.

O xilofone é um instrumento transpositor, o que significa que soa normalmente uma oitava acima da escrita padrão. A extensão do xilofone, ou seja, o conjunto de sons que o instrumento pode abranger, pode variar desde instrumentos com extensão de duas até quatro oitavas. O mais comum são instrumentos com 3 oitavas e meia.

 


Confira o resumo no vídeo!

 

 

Metalofones


São barrafônicos com teclas de metal. O materiais mais usados são os com ligas de aço (glockenspiel profissional) e alumínio (Vibrafone e Bells para iniciantes). O uso do termo metalofone aqui tem a função de distinguir os teclados profissionais, com especificações de construção padronizadas, dos teclados que geralmente possuem custo mais baixo e caráter educacional. Devido ao custo dos instrumentos profissionais, normalmente o primeiro contato de um estudante com os teclados de percussão acontece com um metalofone.

Dentre o grupo dos metalofones podemos incluir: as liras e bells com teclas de alumínio e os metalofones com teclas de alumínio montados em um estojo que divide o teclado do instrumento em duas partes.

 

Lira

 


 

A lira é um barrafônico para ser tocado em deslocamentos utilizando apenas uma baqueta em uma das mãos, enquanto a outra apoia o instrumento com o auxílio de um talabarte próprio. Sua origem vem das bandas de sopros de metais europeias, e foi o primeiro metalofone a ser construído utilizando, primeiramente, teclas de aço. Por seu peso excessivo, passou a ser fabricada com teclas de alumínio. O nome vem da sua similaridade com as liras utilizadas na Grécia antiga.

Como opção para o estudo, podemos usar a lira na posição horizontal, com o auxílio de uma estante ou mesa, para o estudo com duas baquetas como um bells. Pessoalmente, meu primeiro teclado de percussão por muitos anos foi uma lira de duas oitavas, em que estudei as técnicas iniciais com duas e quatro baquetas.  Atualmente já encontramos metalofones para uso em deslocamentos marciais, muito mais leves, que são posicionados na horizontal para o uso com duas baquetas, suportados por um colete próprio, como opção ao uso da lira.

 

https://is.gd/zpmE6B

 

As baquetas que são utilizadas na lira normalmente tem ponta de plástico rígido. Aqui uma recomendação: para a prática, aprendizagem de repertório e ensaios utilizando a lira na posição vertical ordinária, use baquetas com pontas de borracha para reduzir o impacto do som do instrumento no aparelho auditivo. Deixe para usar as baquetas próprias apenas quando for realmente necessário. Na impossibilidade do uso ou aquisição de baquetas de borracha, use algum protetor auditivo. Uma opção é o protetor tipo de plugue de borracha ou elastano unido a um cordão que pode ser encontrado, com preço acessível, em lojas de materiais de construção.

As liras podem ter até duas oitavas de extensão e soam duas oitavas acima da escrita padrão.




 

Metalofones

Como dito anteriormente, o uso do termo metalofone se destina a distinguir os teclados usados para o estudo inicial do instrumento, com teclas de alumínio, dos teclados profissionais com fabricação padronizada. É comum denominarmos os metalofones de bells pela similaridade com o Glockenspiel.  

Mais a frente, na seção sobre o Glockenspiel, veremos que os termos Glockenspiel e bells referem-se ao mesmo instrumento. Mas as características dos instrumentos profissionais e os metalofones (que também podemos chamar de bells) são bem diferentes.

O uso de metalofones nas fases iniciais do aprendizado não é uma realidade apenas brasileira. Em outros países, há até a venda, ou aluguel, do denominado Kit de percussão para iniciantes (Bell-kit), que contém uma caixa e um praticável, um metalofone (bells), baquetas, bolsa para transporte e uma estante que pode ser convertida para os dois instrumentos como na imagem abaixo.

 

https://is.gd/nRNFg9

 

A vantagem no uso dos metalofones está em ter um instrumento que não ocupa muito espaço e pode ser facilmente guardado após seu uso, além de ser mais barato para aquisição. A desvantagem está na diferença de tamanho e extensão dos instrumentos em relação aos teclados maiores, onde geralmente podemos praticar um repertório mais vasto. O fator positivo é que já temos opções nacionais, com preço acessível, para a aquisição de metalofones para as fases iniciais do estudo.

Todos os exercícios do Guia Prático para o Percussionista foram pensados para caber nos metalofones de no mínimo duas oitavas e, havendo possibilidade, serem explorados nos teclados maiores.


Os metalofones e bells geralmente tem duas oitavas e meia de extensão, simulando a extensão do Glockenspiel, e soam duas oitavas acima da escrita padrão.



 

No vídeo:

A demonstração com a lira e dois exemplos de bells para estudo.

Confira!

 

 

No vídeo:

Como fazer e como estudar com um praticável para estudo dos teclados?

Confira!!

 

 



Glockenspiel, Marimba e Vibrafone 


Glockenspiel ou Concert Bells


O Glockenspiel usado na percussão em nossos dias tem origem em um instrumento operado com um teclado como o piano com som característico e associado ao das caixinhas de música. O nome vem do alemão, e em tradução livre pode ser definido como “jogo de sinos”. Pode também ser chamado de Bells.

É um metalofone, e sua característica principal são as teclas feitas com diferentes ligas de aço, que dão o timbre marcante do instrumento. Esta é a diferença do instrumento profissional usado na música de concerto, e os metalofones para estudo que tem teclas feitas em alumínio e não oferecem a mesma riqueza quanto ao timbre e harmônicos que o fabricado com teclas de aço.

O bells normalmente vem montado em um estojo, sem tubos ressonadores, que serve de base ao retirar-se a tampa, e deve ser apoiado em uma estante ou mesa própria devido ao peso do instrumento. Podemos encontrar instrumentos montados em estruturas similares ao vibrafone com um pedal para controlar a duração da ressonância das teclas, e tubos ressonadores.

https://is.gd/C4Xfti

 

A ponta das baquetas usadas podem ser de metal (latão), borracha, madeira, plástico entre outros. Não se deve utilizar as baquetas com pontas de metal, feitas para o bells, nos teclados de madeira, sob o risco de danificar os instrumentos.

O bells é um instrumento transpositor, soando duas oitavas acima da escrita padrão. A extensão mais difundida é a de duas oitavas e meia.

 


 

No Vídeo:

A demonstração do som do Glockenspiel (baquetas com ponta de plástico).

Trecho do dobrado Janjão de Joaquim Naegle.

Confira!





Marimba

A marimba é um instrumento original do continente africano, e que teve seu desenvolvimento para o que conhecemos hoje na região da América Central. É o instrumento nacional da Guatemala onde é bastante difundida e de onde se espalhou para o mundo. Suas teclas são de madeira assim como o xilofone. Mas não é um xilofone gigante! As características quanto ao timbre dos dois instrumentos são bem diferentes. Característica que é reforçada pelos tubos ressonadores que são posicionados abaixo das teclas do instrumento, sobretudo na região grave.

No que se refere a extensão, é o teclado de percussão com maior intervalo de notas podendo atingir até cinco oitavas (Essa é uma das principais diferenças entre a Marimba e o Xilofone, além do timbre dos dois instrumentos). Porém, as marimbas mais encontradas são as de quatro oitavas ou quatro oitavas e uma terça.

Pode ser tocada atualmente até com 6 baquetas, sendo 3 em cada mão e as baquetas geralmente usadas na marimba tem as pontas cobertas com fios de lã ou nylon.

A marimba não é um instrumento transpositor, ou seja, soa como escrito na partitura.



 

Vibrafone

 

O vibrafone tem sua origem nos Estados Unidos e possui ligação muito forte junto ao Jazz. Mas sua evolução em outras linguagens (inclusive na música brasileira) e na música de concerto está em constante expansão, com inúmeros concertos dedicados para diferentes formações.

Suas diferenças principais dos demais teclados são as teclas de metal, geralmente uma liga de alumínio, a presença de um pedal que controla a ressonância das teclas (similar ao do piano), e sua característica mais marcante que é um motor elétrico que controla pás giratórias posicionadas nos tubos ressonadores. O giro dessas pás respondem à vibração das teclas gerando um efeito de Vibrato. No repertório, os compositores normalmente indicam quando querem o motor ligado ou não (Motor On, Motor Off. Ou vibrato, no vibrato). Temos modelos de vibrafone construídos sem o motor, diminuindo o custo de aquisição do instrumento.

As baquetas utilizadas no vibrafone têm cabo feito com Rattan, que é uma espécie de bambu, portanto mais flexível, útil para a técnica de abafamento utilizando as baquetas. As pontas também são cobertas com fios de lã ou nylon.

O vibrafone não é um instrumento transpositor, ou seja, soa como escrito na partitura. Sua extensão tradicional é de três oitavas, mas podemos encontrar modelos com três oitavas e meia e quatro oitavas.



No Vídeo:

A Marimba e sua comparação com o Xilofone

O Vibrafone, seu pedal e o efeito de vibrato

O glockenspiel com baquetas de metal.

Confira!

 

 

 


 

Material Complementar

 

História da Percussão - Prof. Ney Rosauro

Vídeo do canal: Ney Rosauro Percussion School





A História da Percussão - Prof. Ney Rosauro

Disponível em: Apostila Didática





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Lição 1

 

 

 

Referências:

 

ROSAURO, Ney. Método Completo para Caixa Clara. Brasília: Ed. Pro Percussão Brasil, 1982.

COOK, Gary D. Teaching Percussion. Third Edition. Arizona: Schirmer Books, 1997.

ROCCA, Edgar Nunes. Método Completo de Bateria. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Música, ano 1986. Volume 2

ALVES DA SILVA, Lélio Eduardo. PINTO, Marco Túlio de Paula. SOUZA, David Pereira de. Manual do Mestre de Banda de Música. 1ª edição. Rio de Janeiro: Edição dos autores, 2018.

 


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