Lição 2 - Compasso, Pentagrama e Claves / Full Stroke e Tap

Lição 2

CONCEITOS TEÓRICOS

Compasso, Pentagrama e Claves

Os Sons musicais podem ter altura definida (dó, ré, mi.…), e altura indefinida (como os sons emitidos pela caixa clara, reco-reco, pratos, etc. Além de ruídos quando usados musicalmente). Todos podem ser escritos na pauta musical.

Quando lemos os sons musicais em uma partitura, devemos considerar a organização temporal da música. Ou seja, os eventos se sucederão a cada nova pulsação, a cada novo tempo. O agrupamento regular das figuras que representam os sons musicais é o que chamamos de Compasso. Em outras palavras, Compasso é a divisão de um trecho musical em séries regulares de tempos.1

Por exemplo, nos exercícios da lição passada, nós tocamos utilizando agrupamentos de quatro tempos separados por uma barra vertical. Cada agrupamento nós contamos como 1 compasso. Temos então dois compassos de 4 tempos cada um.

 


 

Vamos aos poucos aprender como ler os sinais musicais e como executá-los nos instrumentos.

Agora, por quê é necessário que percussionistas e bateristas tenham contato com partituras e saibam ler e escrever?

Uma partitura nos dá muitas informações. Mas as principais são para que saibamos:

Onde tocar – qual região do tambor ou qual nota no teclado. Ou no caso da bateria, em qual tambor ou prato;

Por quanto tempo tocar – a duração de cada toque;

Quando tocar – saber respeitar o silêncio, contar pausas;

Qual deve ser a intensidade do que vamos tocar – VOCÊ NÃO VAI GRITAR na hora de uma conversa tranquila, por exemplo.

 

A Notação musical é o conjunto de sinais gráficos que representam a escrita musical.2

A pauta musical é compreendida de 5 linhas horizontais que damos o nome de pentagrama. As notas podem ser escritas nas linhas ou nos espaços que contamos de baixo para cima.

 

Cinco linhas e quatro espaços

 


 

O funcionamento é como um gráfico. Na parte de baixo ficam os sons graves. Na parte de cima os sons agudos.

 


 

Quando precisamos de notas além das que os pentagrama suporta utilizamos linhas suplementares inferiores e superiores.


 

 

Para representar o som da caixa usando um pentagrama, como padrão usa-se o 3º espaço da pauta.

 
Podemos utilizar também menos linhas dependendo da quantidade de sons a serem representados.  

Nos exercícios e solos de caixa presentes no Guia, sempre usaremos uma linha. Como veremos nos exercícios de técnica ainda nesta lição.


Mas como saber a localização dos sons musicais no pentagrama?

Para isso usamos um sinal denominado Clave. É um sinal que se coloca no princípio da pauta para dar nome às notas.

As claves são utilizadas apenas para os sons de altura definida. 

Clave de Sol

Clave de Fá


Quando os sons são de altura indefinida, como é o caso de muitos sons da percussão, não se utiliza a clave. Apenas utilizamos o símbolo abaixo de ausência de clave. 

 


 

A clave de sol, por exemplo, é assinada na segunda linha e nos indica onde fica a nota Sol. 

 

Essa é a referência para saber todas as outras notas sob essa clave.

 


  Quando escrevemos para os teclados utilizamos a clave de sol. Com exceção da marimba, que tem uma extensão maior de notas, e utiliza também a escrita na clave de fá.

Nós trabalharemos apenas com a clave de sol.


Além das linhas e espaços, temos linhas verticais simples que separam os compassos chamadas barras de compasso. Linhas verticais duplas que separam um trecho musical do outro: as Barras Duplas. E para indicar o fim de uma peça, usamos uma barra dupla sendo uma mais espessa que a outra chamada de Barra de Compasso Final.



Vamos Praticar!

a) Utilizando um caderno de música, copie as notas no pentagrama e coloque o nome das notas abaixo:

 



 

b) Utilizando o modelo abaixo desenhe em seu caderno a clave de sol:

 



 

TÉCNICA

Falamos anteriormente do Full Stroke, que é um toque feito com o movimento completo do punho, seguido por outro de mesmo volume.

Agora veremos o Tap Stroke.

O Tap stroke é um toque com dinâmica baixa seguido por outro similar. Ou seja, as baquetas ficam próximas à superfície para tocar. Vários taps funcionam também como um Full Stroke com “volume” baixo. É o que alguns bateristas chamam como notas fantasmas.3

Para executar, posicionamos a baqueta próxima à superfície, ela percute e retorna ao mesmo ponto.

O símbolo que usaremos para o Tap será o de um ponto sobre a nota (.)4

 
Confira no vídeo abaixo:

 

Vamos Tocar!

Na caixa 🥁

Dica:

Pratique na caixa ou no praticável lentamente para internalizar o movimento.

As mãos devem estar relaxadas. Uma mão de cada vez e a cada repetição troque a mão.

 

Ex. 1

 

Vamos praticar o Full stroke agora com o auxílio da partitura. A cada repetição de compasso alterne as mãos e conte os tempos em voz alta.

 

Ex. 2


 

 

Ex. 3 - Com toque paralelo

  

O estudo do Full e do Tap nos oferecem dois níveis de intensidade. Um forte e um fraco. Aos níveis de intensidade damos o nome de Dinâmica. Nas próximas lições falaremos com detalhes sobre esse assunto.

 

No Teclado 🎹

Antes de começarmos algumas informações que servirão para os exercícios de teclado.

Posicionamento

Devemos antes de tocar, procurar ajustar o instrumento à nossa altura. Isso evitará problemas físicos e dores indesejadas. A altura ideal para o instrumento é na altura da barriga. E a distância para frente será ditada pelo tamanho do antebraço.


Como fazemos para localizar uma determinada nota no teclado?

Os teclados de percussão (também chamados de barrafones ou barrafônicos) tem o visual e a disposição das teclas muito parecidas com a de um piano. As teclas brancas do piano são as teclas da parte inferior e as teclas pretas do piano são as teclas da parte superior.


As "teclas pretas" se organizam em grupo de três e duas teclas. O teclado da imagem acima inicia com a nota Fá. Para localizar a nota Dó, por exemplo, você deve localizar o conjunto de duas "teclas pretas"; a primeira tecla inferior imediatamente antes do grupo de duas superiores é a nossa nota Dó. A partir do Dó, no teclado inferior, seguem Ré, Mi, Fá (imediatamente antes do grupo de três teclas na parte superior), Sol, Lá, Si e um novo Dó.

 

Podemos encontrar em algumas liras e bells a marcação na tecla com o nome de cada nota com o nosso sistema de notação (Dó, Ré, Mi, Fá,Sol, Lá e Si) ou o sistema de representação alfabética (C=dó, D=ré, E=mi, F=fá, G=sol, A=lá e B=si)



Localização das notas do teclado do xilofone com extensão de 3 oitavas na partitura com a clave de Sol

 

https://is.gd/b6A9uc

 

As Baquetas

As baquetas usadas nos teclados de percussão são diferentes das baquetas usadas na caixa. As diferenças são quanto à espessura do cabo, e o formato da ponta.

Quanto à sua construção, as baquetas podem ter um cabo feito de Rattan (que é uma espécie de bambu, mais flexíveis), madeira ou plástico, com uma esfera na ponta que pode ser de borracha, plástico, acrílico, madeira, ou outro material sintético. Essa esfera pode também ser coberta com fios lã ou nylon. O peso, o tamanho, o material e o tipo de cobertura aplicado na esfera impactam diretamente no som.

Há também uma baqueta especial com ponta de metal para uso com o Glockenspiel ou com a lira. Muita atenção, pois o uso inadequado pode danificar os instrumentos. E nunca use esse tipo de baqueta nos teclados de madeira ou no Vibrafone.

Assim como as baquetas de caixa, são muitos os modelos disponíveis. Se você usa uma lira, bells ou metalofone para estudar, o ideal é usar baquetas com ponta de borracha para não cansar e prejudicar sua audição. Use as baquetas com material mais rígido só quando for necessário.

 

https://is.gd/xKgqu6


  

Região de Toque

Procure sempre que possível tocar no centro das teclas. Na marimba, Xilofone e Vibrafone, que possuem tubos ressonadores, é a região com melhor ressonância do instrumento. As teclas “pretas”, da parte superior do teclado podem ser também percutidas tocando na borda.


Olhar para a música

É comum o hábito de memorizar os trechos das músicas que temos que tocar. Mas só memorizar, além de demandar mais tempo de estudo e repetição, nos limita enquanto instrumentistas. Sem dizer que perdemos o contato visual com o regente ao ficar com a cabeça baixa, olhando para o instrumento.

Para tocar o instrumento e ler a partitura ao mesmo tempo é preciso paciência para aperfeiçoar nossa visão periférica.

Para isso devemos, dentro do possível, evitar olhar para o teclado, manter os olhos na música e gradativamente automatizar os movimentos e nos acostumar com a distância entre as teclas.

O posicionamento da página precisa estar no mesmo campo de visão do teclado.

Com esse posicionamento você facilmente verá as “teclas pretas” do teclado e, a partir daí localizar as “teclas brancas”.

Quando tocar tente manter os olhos na música, aos poucos você irá perceber a relação de distância entre as teclas e não precisará olhar tanto para o teclado.

Busque acertar todas as notas mas caso erre alguma, continue em frente mantendo o tempo estável. Na repetição do estudo procure onde errou para poder corrigir.

 Praticando corretamente desenvolveremos bons hábitos.

 

Confira o resumo no vídeo abaixo:

 


Vamos Tocar!

Dica: O Full Stroke na caixa tem o rebote natural da pele. No teclado, a volta da baqueta será feita com a ajuda do movimento do punho, pois a tecla não oferece o mesmo rebote. Não pressione a baqueta contra a tecla.5

Antes de passar para o exercício: escolha uma nota e experimente usando apenas uma mão de cada vez.

Note que usaremos apenas a nota Sol para o exercício de full.

Comece só com a mão Esquerda e depois a mão direita.

Ex. 4

 

Ex. 5 - Para o treinamento do toque paralelo as notas Sol e Dó. A mão esquerda tocará o Sol e mão direita o Dó.


 

 


Agora é com você! 😉

Você pode fazer outras combinações de notas para o treino do toque paralelo. A atenção deve ser total para que não haja defasagem na execução dos toques, e sim que sejam simultâneos.

 

 

Lição 1 

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Lição 3

 

 

Referências


1 - MED, Bohumil. Teoria da Música: Vade Mecum de teoria musical. 5ª edição. Brasília, DF: Musimed, 2017.


2 - CARDOSO,Belmira e MASCARENHAS, Mário. Curso Completo de Teoria Musical e Solfejo. 14ª edição. São Paulo: Irmãos Vitale, 1996.


3 - WOOTON, John. Dr. Throwdown’s Rudimental Remedies. Nashville, TN: Row-Loff Productions, 2010.


4 - COSTA, Eliseu Moreira. Material Didático e Metodologias não publicadas.


5 - HEARNES, John R. The Mallet Player’s Toolbox: The Absolute Method for Mallet Percussion. Nashville, TN: Row-Loff Productions, 2012.



Bibliografia Consultada:

LACERDA, Osvaldo. Compendio de Teoria Elementar da Música. 4ª edição. São Paulo: Musicália S/A, 1967.

COTRIM, Gilberto Vieira. TDEM-2: Trabalho dirigido de educação musical. 11ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. 1º grau, 2º volume.

WESSELS, Mark. A Fresh Approach to Snare Drum. Plano, TX: Mark Wessels Publications, 1994.

ROCCA, Edgar Nunes. Método Completo de Bateria. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Música, 1986. Volume 2

CROCKARELL, Chris e BROOKS, Chris. The Snare Drummer’s Toolbox: The Absolute Method for Snare Drum. Nashville, TN: Row-Loff Productions, 2009.

ROSAURO, Ney. Exercícios e Estudos Iniciais para Barrafones. Santa Maria: Pró-Percussão, 1997.